A cultura indígena não é folclore


A sociedade do século XXI é bastante evoluída tecnológica, financeira e cientificamente, entretanto, no quesito respeito às diferenças culturais ainda terá que percorrer um longo caminho para alcançar o nível ideal. O Dia do Índio, comemorado no país em 19 de abril, é um exemplo de que as minorias ainda precisam ser lembradas – o que significa que em algum momento foram esquecidas.
O dia do Índio é comemorado assim como o Dia da Consciência Negra, datas que, na realidade, têm a única função de trazer à tona assuntos que de um modo ou de outro ainda levantam polêmicas. Mas a celebração do dia do Índio é ainda mais insólita, pois transforma o índio em um simples personagem. O problema é que índio não é mito e nada tem a ver com folclore. Apesar disso, as homenagens realizadas nas escolas – local em que se deveria ensinar a cultura indígena – não vão além de caricaturas.
Conforme informações da FUNAI (Fundação Nacional do Índio), atualmente no Brasil – segundo dados do Censo 2010 – existem 817 mil índios, o equivalente a 4% da população do país. Estão distribuídos entre 688 terras indígenas e algumas áreas urbanas. Todavia, infelizmente essas informações o brasileiro não aprende na escola.
Injustiçados desde 1500, os índios aos poucos foram obrigados a se render ao estilo de vida do branco, pela necessidade e pelo encantamento. Pior do que isso. Desrespeitados, acabaram sendo resumidos a um único povo, quando, na verdade, são vários povos com costumes, crenças e modos de vida distintos. São diversas culturas ricas em conhecimentos naturais dispersadas pela ignorância do homem capitalista.
Mais de 50% da população indígena está localizada nas regiões Norte e Centro-Oeste do Brasil, segundo a FUNAI, principalmente na área da Amazônia Legal. Mas há índios vivendo em todas as regiões brasileiras, em maior ou menor número. São 220 etnias indígenas que falam 180 línguas e dispensam as classes sociais tão imprescindíveis para o homem branco.
Os índios precisaram se adaptar as intervenções do homem branco, por bem ou por mal. Muitos aceitaram e passaram a viver parte da cultura que lhes foi imposta, aceitando as demarcações territoriais, o uso de roupas, o comércio e até a tecnologia. Essa adaptação foi a principal causadora da perda de identidade desses povos, que adquiriram também vários vícios de seus “colonizadores”, acarretando doenças e mortes. A bebida alcoólica e as drogas, por exemplo, fizeram e ainda fazem muitas vítimas nas tribos.
Há também os índios que não concordaram com a imposição de outra cultura em detrimento da sua e mudaram-se para territórios isolados no país. Estes ainda conseguem manter seus costumes, embora vivam com receio de serem encontrados e dispersados. Para a própria proteção tornaram-se agressivos e intolerantes com os homens brancos.
Portanto, embora os direitos indígenas, tenham, com o passar dos anos, sido garantidos por ONGs e órgãos do governo, é preciso que se compreenda que esses povos são tão brasileiros quanto nós, ou até mais. Porém donos de uma sabedoria superior, nunca tentaram nos impor sua cultura, pelo contrário, sempre respeitaram o estilo de vida “diferente” do homem branco. 
           Desse modo, as nossas escolas, formadoras de cidadãos, deveriam ensinar os costumes indígenas e aprender com esse povo injustiçado a melhor lição que se pode adquirir: a tolerância. E, quem sabe, os brasileiros começarão a pagar uma dívida que, infelizmente, jamais poderá ser sanada, apenas compensada.

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